segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Biólogos cogitam aplicar mais uma vez injeção letal em baleia encalhada


Primeira tentativa de matar animal foi feita na sexta, mas ele continua vivo.
Mamífero está preso na areia há seis dias e tem dificuldades para respirar.

Os biólogos e veterinários que acompanham o estado de saúde da baleia encalhada desde terça-feira (7) na Praia do Sol, em Laguna (SC), avaliam neste domingo (14) a possibilidade de aplicar novamente uma injeção letal para provocar a morte do animal, que tem muita dificuldade em respirar e machucados devido o contato da pele com a areia. A decisão foi tomada após a baleia ter reagido as altas doses de sedativos e relaxantes que foram aplicadas na noite de sexta-feira (10).

A coordenação da operação, que é integrada pela Polícia Ambiental, Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca do Instituto Chico Mendes (APA), Marinha do Brasil, Projeto Baleia Franca, entre outras instituições e ONGs, estão em contato com especialistas de outros países para decidir se realizam uma nova intervenção ou esperam pela morte natural do animal.
"Estamos avaliando a possibilidade de um novo procedimento de eutanásia, desta vez com outros medicamentos e formas de aplicação. Entretanto, além da burocracia, esta situação envolve ferramentas especiais e um alto custo”, afirma Karina Groch, bióloga e diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca (PBF). “Desde que tenhamos a certeza de que esta é a melhor decisão a ser tomada, nosso empenho de tempo e conhecimento será integral e estamos comprometidos a ir em busca de recursos que possibilitem abreviar esta situação."

A primeira dose de medicamentos aplicada na baleia havia sido maior do que a recomendada por causa do tamanho e espécie do animal que tem 15,80 metros de comprimento e pesa cerca de 40 toneladas. De acordo com Karina Groch, o óbito era esperado para 40 minutos após o término do processo, que ocorreu por volta das 18h30 da sexta-feira. Porém, passadas mais de 40 horas, o animal ainda preserva os sinais vitais.

De acordo com comunicado enviado pelo PBF, as condições de saúde da baleia pioram rapidamente em função do seu tamanho e da duração do encalhe, diminuindo as chances de sobrevivência. Apesar disso, baleias com mais de 10 metros que encalham vivas tem maior resistência e podem levar mais de quatro dias até que ocorra a morte natural.

Segundo os especialistas, uma das explicações para que o animal continue vivo após seis dias preso na areia é a temperatura do litoral sul. "O fato do encalhe ter ocorrido numa região de clima frio pode estar contribuindo para o animal resistir por tanto tempo, pois um dos principais fatores que aceleram a morte dos animais encalhados é a hipertermia (aumento da temperatura corporal), que ocorre em função da incidência solar, comum em períodos de altas temperaturas ou em regiões de clima predominantemente mais quente", afirmou a médica veterinária Cristiane Koslenikovas.
No sábado (11) os voluntários passaram o dia todo jogando baldes de água para evitar o ressecamento da pele, mas o animal já está bem machucado. Karina, que também é médica veterinária e doutoranda em Patologia Animal e tem cinco anos de experiência com baleias da espécie jubarte, realizou o procedimento de coleta de amostras do borrifo (ar expelido pelos pulmões) do animal que está encalhado em Laguna, para analisar o material e averiguar a existência de doenças pulmonares que podem ter motivado o encalhe.
Outros procedimentos de coleta estão previstos para a realização dos exames neste domingo. O monitoramento das condições clínicas e a coleta de amostras do mamífero continuam neste domingo. Após o óbito se confirmar, será realizada a necrópsia da baleia e, segundo a gestora da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca do Instituto Chico Mandes (APA), Elizabeth Carvalho da Rocha, a carcaça será enterrada na região do encalhe, provavelmente num campo de dunas.

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